Conceito(s) & preconceito(s)

Bases sócio-antropológicas para a educação para os direitos humanos

Autores

  • Paulo Ferreira da Cunha

DOI:

https://doi.org/10.30899/dfj.v8i27.220

Palavras-chave:

Educação para os Direitos Humanos, Recuperação, Reprodução, Alienação

Resumo

Os Direitos Humanos tornaram-se, segundo alguns autores, uma verdadeira religião nos nossos dias. Resta dizer que há devotos sinceros e seguidores hipócritas. Mas em qualquer das formas, importa uma educação para os Direitos Humanos, que firme os crentes na sua convicção, sobretudo e antes de mais antidiscriminatória, e seja capaz de lhes fornecer bases teóricas como alimento espiritual e guia para a ação. É também importante conseguir novos adeptos para esta Boa Nova. Nesse sentido, este artigo dedica-se a desenvolver alguns conceitos sócio-antropológicos que reputamos de grande interesse prévio para a aprendizagem dos Direitos Humanos, que em muitos casos têm de libertar-se do preconceito e do senso comum: recuperação, reprodução e alienação. Tudo isso assente numa dissecação de uma juridicidade legalista, normativista e dogmática. Esta conceção afigura-se-nos como a prévia barreira a um Direito de Direitos Humanos.

Biografia do Autor

Paulo Ferreira da Cunha

Professor Catedrático de Direito da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, Portugal. pferreiradacunha@hotmail.com

Referências

LOMBARDI-VALLAURI, Luigi. Corso di Filosofia del Diritto. Cedam, Padova, 1978, nova ed. 1981.

FERREIRA DA CUNHA, Paulo. Pensar o Direito. Coimbra, Almedina, 1990-1991, 2 vols.; Idem. Repensar o Direito. Lisboa, IN-CM, 2013.

RABELAIS. La Vie de Gargantua et dePantagruel. V. 25; RORTY, Richard. Contingency, Irony, and Solidarity. Cambridge, Cambridge University Press, 1989.

VILLEY, Michel. Le Droit Romain. 8. ed., Paris, P.U.F., 1987; CRUZ, Sebastião. Direito Romano, I. Introdução. Fontes. 3. ed., Coimbra, Ed. Autor, 1980.

HORKEIMER, Max; ADORNO, Theodor. Soziologische Excurze. Nach Vortragen und Diskussionene. Francoforte-sobre-o-Meno, Europaeische Verlagsanstalt, 1956, trad. port. de Álvaro Cabral, Teorias Básicas da Sociologia. São Paulo, Cultrix / Editora da Universidade de São Paulo, 1973, p. 178.

SAGAN, Carl. The Demon-Haunted World, 1995, trad. port. de Ana Falcão Bastos e Luís Leitão Bastos, Um Mundo Infestado de Demónios. A Ciência como uma luz na escuridão. 2. ed., Lisboa, Gradiva, 1998, máx. p. 20 ss.

GILLMAN, Dr. Mark A. Envy as a Retarding Force in Science. Aldershot/Brookfield, USA/Hong Kong et all., Avebury, 1996.

ANDRESKI, Stanislav. Social Sciences as Sorcery, trad. fr. de Anne e Claude Rivière, Les Sciences Sociales. Sorcellerie des temps modernes. Paris, P.U.F., 1975; PRACONTAL, Michel de. L'Imposture Scientifique en dix Leçons. Paris, La Découverte, 1986.

ULPIANUS, lib. 1 Institutionum = D. 1, 1, 1, 1: “[...] veram nisi fallor philosophiam, non simulatam affectantes”.

FREITAG, Barbara. A Teoria Crítica: Ontem e Hoje. 5. ed., São Paulo, Brasiliense, 1994, p. 150 ss.

WARAT, Luis Alberto. Una Presentación, un Testimonio, in Teoría Crítica del Derecho, de Luiz Fernando Coelho, 4. ed., 1ª reimp., castelhana, Curitiba, Juruá, 2013, p. 8.

TAVARES RODRIGUES, Urbano. O Eterno Efémero. Lisboa, Dom Quixote, 2005, p. 22.

B. FLORES, Imer. Eduardo García Máynez (1908-1993). Vida y Obra, cit., p. 1.

KELSEN, Hans. Reine Rechtslehre, trad. port. e prefácio de João Batista Machado, Teoria Pura do Direito. 4. ed., port., Coimbra, Arménio Amado, 1976.

FERREIRA DA CUNHA, Paulo. Filosofia do Direito. Fundamentos, Metodologia e Teoria Geral do Direito, 2. ed., revista, atualizada e desenvolvida, Coimbra, Almedina, 2013, p. 357, 364, 365 ss., 525.

FERREIRA DA CUNHA. Filosofia do Direito e do Estado, com Prefácio de Tercio Sampaio Ferraz Junior, e Apresentação de Fernando Dias Menezes de Almeida, Belo Horizonte, Forum, 2013, p. 63-114.

HERRERA, Carlos Miguel. La Philosophie du droit de Hans Kelsen. Une introduction. Quebeque, Les Presses de l’Université Laval, 2004.

HORKEIMER, Max; ADORNO, Theodor. Teorias Básicas da Sociologia, cit., p. 20-21

WARAT, Luis Alberto. Una Presentación, un Testimonio, cit., p. 12-13

CLAVAL, Paul. Les Mythes fondateurs des Sciences Sociales. Paris, P.U.F., 1980.

BOSI, Alfredo. Ideologia e Contra Ideologia. São Paulo, Companhia das Letras, 2010,

FERREIRA DA CUNHA. Repensar a Política. Ciência & Ideologia, 2. ed., Coimbra, Almedina, 2007.

BORGES, Wilson Hilário. Historicidade e Materialidade dos Ordenamentos Jurídicos. São Paulo, EDUSP / Ícone, 1993, p. 133

LAUND, Jean. Pensamento Confundente e Neutro em Tomás de Aquino, “Notandum”, nº 14, CEMOrOC Feusp / IJI – Univ. do Porto, 2007, ed. online: http://www.hottopos.com/notand14/lauand.pdf

LABEDZ, Leopold (org.).Revisionism. Essays on the History of Marxist Ideas, Londres, George Allen & Unwin, 1962

FISKE, John. Introduction to Communication Studies, trad. port. de Maria Gabriel Rocha Alves,Teoria da Comunicação. 5. ed., Porto, Asa, 1999, p. 240-241

FERREIRA DA CUNHA, Paulo.Die Symbole des Rechts. Versuch einer Synthese, Stuttgart, Franz Steiner, 1994, Separata de “Archiv fuer Rechts- und Sozialphilosophie”, vol. 80, 1994 1

FERREIRA DA CUNHA. La Balance, le Glaive et le Bandeau. Essay de Simbologie Juridique, in “Archives de Philosophie du Droit”, Paris, Sirey, 1995, separata, 1996; Idem.Uma Introdução à Semiologia Jurídica. Os Símbolos do Direito, in EYDIKIA, 3-4., Atenas, 1995, p. 101 ss. Mais recentemente, cf. Idem. Filosofia do Direito. Fundamentos, Metodologia e Teoria Geral do Direito

RADBRUCH, Gustav. Vorschule der Rechtsphilosophie, 1948, 4. ed., cast., trad. de Wenceslao Roces, Introduccion a la Filosofia del Derecho, Mexico, Fondo de Cultura Economica, 1974

KISSEL, O. R. Die Iustitia. Reflexionen ueber ein Symbol und seine Darstellung in der bildenden Kunst, Munique, Beck, 1997.

BOURDIEU, Pierre; PASSERON, J. C. La Reproduction: éléments pour une théorie du système d’enseignement, Paris, Minuit, 1970. Cf. ainda BOURDIEU, Pierre. “Reproduction culturelle et reproduction sociale”,in “Informations sur les sciences sociales”, abril de 1971, p. 67-71

CAFFÉ ALVES, Alaôr.Estado e Ideologia. Aparência e Realidade, Apresentação de Dalmo de Abreu Dallari, São Paulo, Brasiliense, 1987, p. 32

BOUDON, Raymond. L’inégalité des Chances: la mobilité sociale dans les sociétés industrielles, Paris, Armand Colin, 1973

ALMEIDA GARRETT. Viagens na Minha Terra, Capítulo XVIX, v.g. na ed. com Apresentação e Notas de Ivan Teixeira, Cotia, SP, Ateliê Editorial, 2012,p. 314 ss

BOURDIEU, Pierre. “Reprodução Cultural e Reprodução Social”, in BIRNBAUM, Pierre; CHAZEL, François. Théorie Sociologique, Paris, PUF, 1975, trad. port. de Gizela Stock de Souza e Hélio de Souza, Teoria Sociológica, São Paulo, HUCITEC / Editora Universidade de São Paulo, 1977, p. 359

WEBER, Max. Wirtschaft und Geselshaft, I, 1, $3.

WARAT, Luis Alberto. Do Paradigma Normativista ao Paradigma da Razão Sensível, in Temas Emergentes no Direito, coord. de Marcelino Meleu, Mauro Gaglietti e Thaise Nara Graziottin Costa, Passo Fundo, IMED, 2009

ARENDT, Hannah. Between Past and Future, trad. fr. de Patrick Lévy, La Crise de la Culture. Huit Exercices de pensée politique. Paris, Gallimard, 1962, p. 74-86.

LOURENÇO, Eduardo. Esquerda na Encruzilhada ou Fora da História?. Lisboa, Gradiva, 2009.

SARAMAGO, José. “Onde está a Esquerda?” in O Caderno, 1ª reimp., São Paulo, Companhia das Letras, 2009, p. 46-47.

HORKEIMER, Max; ADORNO, Theodor. Teorias Básicas da Sociologia, cit., p. 203.

MAILER, Norman. O Parque das Corças, apud GALVÃO, Walnice Nogueira. As Formas do Falso. Um Estudo sobre a ambiguidade no Grande Sertão: Veredas, São Paulo, Perspetiva, 1972, p. 7.

PIÇARRA, Nuno. A Separação dos Poderes como Doutrina e Princípio Constitucional. Coimbra Editora, Coimbra, 1989

CUNHA, Sérgio Sérvulo da. Princípios Constitucionais, 2. ed., São Paulo, Saraiva, 2013, p. 127, 151, 247

THOMAS, Keith. Man and the Natural World: Changing attitudes in England, 1500-1800, Penguin, 1983, trad. port. de João Roberto Martins Filho, O Homem e o Mundo Natural: mudanças de atitude em relação às plantas e aos animais (1500-1800). São Paulo, Companhia das Letras, 2010, p. 426

DALLARI, Dalmo de Abreu. “Apresentação” de Estado e Ideologia. Aparência e Realidade, de Alaôr Caffé Alves, cit., p. 8.

MIAILLE, Michel. “Reflexão Crítica sobre o Conhecimento Jurídico: Possibilidades e Limites”, in Crítica do Direito e do Estado, org. de Carlos Alberto Plastino, Rio de Janeiro, Graal, 1984, p. 40,apud CAFFÉ ALVES, Alaôr. Op. Cit., p. 305, nº 9.

DE TOCQUEVILLE, Alexis. Democracy in America, trad. ingl., I, p. 289, apud ibidem, p. 322.

LUKÁCS, Gyorgy. History and Class Conciousness, 1. ed.,1923, nova ed. 1971.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Die deutsche Ideologie, I, I, C.

Publicado

2014-06-30

Como Citar

da Cunha, P. F. (2014). Conceito(s) & preconceito(s): Bases sócio-antropológicas para a educação para os direitos humanos. Revista Brasileira De Direitos Fundamentais & Justiça, 8(27), 15–41. https://doi.org/10.30899/dfj.v8i27.220