O reconhecimento do estado de coisas inconstitucional no sistema penitenciário brasileiro

análise da decisão judicial da MC-ADPF nº 347 a partir da teoria do transconstitucionalismo

Autores

  • Ana Maria D’Ávila Lopes
  • Cylviane Maria Cavalcante de Brito Pinheiro Freire

DOI:

https://doi.org/10.30899/dfj.v10i35.103

Palavras-chave:

Estado de coisas inconstitucional, Direitos fundamentais, Direitos humanos, Sistema penitenciário brasileiro, Transconstitucionalismo

Resumo

Este artigo tem por escopo apresentar análise sobre a decisão exarada pelo Supremo Tribunal Federal, em 09 de setembro de 2015, no julgamento da Medida Cautelar na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – MC-ADPF nº 347. Assim, por meio de uma pesquisa bibliográfica, documental e jurisprudencial, constatou-se que, nessa decisão, foi reconhecida formalmente a configuração do estado de coisas inconstitucional no âmbito do sistema penitenciário brasileiro ante o quadro de violação generalizada e permanente de direitos fundamentais da população carcerária. Destaque-se que o estado de coisas inconstitucional é uma tese oriunda da jurisprudência da Corte Constitucional da Colômbia e não encontra previsão expressa no ordenamento jurídico brasileiro, tendo sido adotada sob a aplicação da teoria do transconstitucionalismo proposta por Marcelo Neves, que defende um diálogo entre os diferentes ordenamentos jurídicos no intuito de melhor proteger a dignidade de todos os seres humanos.

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Publicado

2016-12-30

Como Citar

Lopes, A. M. D., & Freire, C. M. C. de B. P. (2016). O reconhecimento do estado de coisas inconstitucional no sistema penitenciário brasileiro: análise da decisão judicial da MC-ADPF nº 347 a partir da teoria do transconstitucionalismo. Revista Brasileira De Direitos Fundamentais & Justiça, 10(35), 285–312. https://doi.org/10.30899/dfj.v10i35.103