Inteligência artificial e democracia: os algoritmos podem influenciar uma campanha eleitoral?

Uma análise do julgamento sobre o impulsionamento de propaganda eleitoral na internet do Tribunal Superior Eleitoral

Autores

  • Luziane de Figueiredo Simão Leal UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
  • José Filomeno de Moraes Filho UNIVERSIDADE DE FORTALEZA

DOI:

https://doi.org/10.30899/dfj.v13i41.793

Palavras-chave:

Algoritmos; Opinião Pública; Democracia; Eleições; Tribunal Superior Eleitoral

Resumo

RESUMO: Na disputa eleitoral, independentemente do cargo, os candidatos apostam nas propagandas eleitorais para a conquista do voto. Bem elaboradas e caras, elas buscam convencer o eleitor e, ao mesmo tempo,  formar opinião acerca de suas plataformas de governos. Se o discurso utilizado já era considerado uma das ferramentas para manipular a opinião a pública, nos dias atuais, ele se aliou às tecnologias, passando a utilizar dados tais como as preocupações, preferências e oposições dos eleitores, adquiridos nas redes sociais através da inteligência artificial. Essas novas ferramentas podem influenciar uma campanha eleitoral, sobretudo, quando o impulsionamento de conteúdo tem previsão legal? O julgamento da Representação Eleitoral que condenou Fernando Haddad e a Coligação O Povo Feliz de Novo, em análise com a doutrina relativa ao tema, revela a possibilidade de implicações mais profundas, não apenas atinentes às eleições, mas dedicadas à construção da democracia. As novas tecnologias baseadas em dados, fornecidos pelos próprios usuários, podem fazer nascer uma opinião pública irreal, induzida, forjada? Ou, ao contrário, trarão maiores possibilidades de discernimento ao eleitor? O estudo do caso requer a análise de legislações relativas aos direitos digital, constitucional e eleitoral, além de interdisciplinariedade com disciplinas como sociologia e psicologia.

Biografia do Autor

Luziane de Figueiredo Simão Leal, UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS

Doutoranda em Direito Constitucional pela Universidade de Fortaleza – Unifor e pelo Centro Integrado de Ensino Superior do Amazonas – Ciesa; Mestre em Direito Constitucional pelo Instituto Toledo de Ensino de Bauru – ITE e pelo Centro Integrado de Ensino Superior do Amazonas – Ciesa; Professora da   Universidade do Estado do Amazonas. luzianefigueiredo@yahoo.com.br.

José Filomeno de Moraes Filho, UNIVERSIDADE DE FORTALEZA

Professor titular do Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional/Mestrado e Doutorado da Universidade de Fortaleza; doutor em Direito pela Universidade de São Paulo; mestre em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro; livre-docente em Ciência Política da Universidade Estadual do Ceará; líder do Grupo de Pesquisa Estado, Política e Constituição (Unifor/CNPq).

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Publicado

2020-03-18

Como Citar

de Figueiredo Simão Leal, L., & de Moraes Filho, J. F. (2020). Inteligência artificial e democracia: os algoritmos podem influenciar uma campanha eleitoral? Uma análise do julgamento sobre o impulsionamento de propaganda eleitoral na internet do Tribunal Superior Eleitoral. Revista Brasileira De Direitos Fundamentais & Justiça, 13(41), 343–356. https://doi.org/10.30899/dfj.v13i41.793