A aplicação da Teoria do Estado de Coisas Inconstitucional no Brasil

um olhar sobre as possibilidades e dificuldades da utilização dessa teoria no ordenamento jurídico brasileiro

Autores

  • João Rezende de Almeida Oliveira Universidade Católica de Brasília
  • Júlio Edstron S. Santos Centro Universitário de Brasília
  • Vinícius Araújo Gonçalves Universidade Católica de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.30899/dfj.v12i38.731

Palavras-chave:

Teoria do estado inconstitucional de coisas, Direitos fundamentais, Efetivação dos direitos fundamentais

Resumo

Por meio da revisão bibliográfica e estudo de caso, nacionais e colombianos, apresentamos
os principais fundamentos de como a Teoria do Estado de Coisas Inconstitucional surgiu da atuação
da Corte da Colômbia. Essa teoria tem a finalidade de dar cabo a situações fáticas que violam
direitos fundamentais de forma massiva, genérica e sistêmica. Tais violações são atribuíveis, direta
ou indiretamente, a uma pluralidade de autoridades, o que gera um quadro de verdadeiro bloqueio
institucional. O Poder Judiciário foi acionado para buscar a superação desse estado calamitoso.
Nesse sentido, houve reconhecimento do ECI pela Corte Constitucional colombiana e, a partir desse
reconhecimento, foi possível a adoção de medidas conducentes à efetivas em prol dos direitos
vulnerados. Como consequência e consonância, o Supremo Tribunal Federal, por meio de uma arguição
de descumprimento de preceito fundamental – ADPF (347), foi provocado a se manifestar sobre a
existência de um Estado de Coisas Inconstitucional em relação ao sistema penitenciário brasileiro.
Por meio da medida cautelar da referida ADPF, o ECI foi reconhecido. Portanto, este trabalho tem a
finalidade de analisar a aplicação da teoria do ECI em nosso país, principalmente apontada à sua
capacidade para efetivar direitos fundamentais.

Biografia do Autor

João Rezende de Almeida Oliveira, Universidade Católica de Brasília

Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1985).
Especialização na Organização Iberoamericana de Seguridad Social – OISS (Madrid).
Doutor em Direito pela Universidad Complutense de Madrid, sob orientação do Professor
Catedrático Don Efrén Borrajo Dacruz. Professor do Programa de Mestrado em Direito da
Universidade Católica de Brasília – UCB/Distrito Federal, Campus de Taguatinga.

Júlio Edstron S. Santos, Centro Universitário de Brasília

Doutorando em Direito pelo Centro Universitário de Brasília – UniCEUB. Mestre em
Direito Internacional Econômico pela Universidade Católica de Brasília/Distrito Federal.
Coordenador de Ensino a Distancia do Instituto Anasps em Brasília. Professor do Curso
de Graduação em Direito do Centro Universitário Unieuro do Distrito Federal, Campus
de Águas Claras. Membro dos grupos de pesquisa Núcleo de Estudos e Pesquisas
Avançadas do Terceiro Setor (NEPATS) da UCB/DF e Direito e Religião, Políticas Públicas
do UNICEUB.

Vinícius Araújo Gonçalves, Universidade Católica de Brasília

Graduado em Direito pela Universidade Católica de Brasília, Campus de Taguatinga.
Especialista em Direito. Núcleo de Estudos e Pesquisas Avançadas do Terceiro Setor
(NEPATS) da UCB/DF.

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Publicado

2019-03-28

Como Citar

Oliveira, J. R. de A., Santos, J. E. S., & Gonçalves, V. A. (2019). A aplicação da Teoria do Estado de Coisas Inconstitucional no Brasil: um olhar sobre as possibilidades e dificuldades da utilização dessa teoria no ordenamento jurídico brasileiro. Revista Brasileira De Direitos Fundamentais & Justiça, 12(38), 265–306. https://doi.org/10.30899/dfj.v12i38.731

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