Família, dignidade da pessoa humana e relativismo cultural

Autores

  • Elisângela Padilha
  • Carla Bertoncini

DOI:

https://doi.org/10.30899/dfj.v11i37.125

Palavras-chave:

Família, Dignidade da pessoa humana, Cultura, Sociedade, Multiculturalismo

Resumo

 O presente artigo tem por objetivo investigar o que define a família no mundo contemporâneo sob o ponto de vista cultural. Seria possível, com fundamento na dignidade da pessoa humana, estabelecer um conceito multicultural de família? À família sempre coube um papel essencial na vida do homem, representando o modo pelo qual este se relaciona com o meio em que vive, priorizando a plena realização pessoal de cada membro familiar, com base no afeto, na busca pela felicidade, no respeito à dignidade da pessoa humana e seus direitos fundamentais. Família e sociedade conjugam-se em uma relação sistêmica. A família deve ser entendida como a comunidade de vida material e afetiva de seus integrantes, união de esforços para o desenvolvimento de atividades materiais e sociais, convivência que promove mútua companhia, apoio moral e psicológico, na busca do melhor desenvolvimento da personalidade das pessoas que a compõem. A família não é um produto da natureza e estática no tempo, e sim um grupo dinâmico que reage e interfere na sociedade. Nesse contexto, é possível, com fundamento na dignidade da pessoa humana, buscar um conceito de família que possa ser pensado e entendido em qualquer tempo e espaço.

 

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Publicado

2017-12-30

Como Citar

Padilha, E., & Bertoncini, C. (2017). Família, dignidade da pessoa humana e relativismo cultural. Revista Brasileira De Direitos Fundamentais & Justiça, 11(37), 105–123. https://doi.org/10.30899/dfj.v11i37.125